O desempenho da indústria automobilística em 2017 e 2018 demonstra uma recuperação de produção e vendas para o mercado interno e também para o mercado externo.
Em 2017 a produção de veículos foi de 2.7 milhões de unidades e a previsão para 2018 é de que a produção atinja 3.0 milhões de unidades. Mas ainda ficou longe do recorde de 2013, quando foram produzidos no Brasil 3,8 milhões de unidades de veículos.
Nossa empresa encerra o primeiro semestre de 2018 com quatro contratos ligados à este importante setor industrial. No Complexo Industrial Automotivo de Gravataí, fomos responsáveis por quatro contratos, sendo um deles com a General Motors para a construção de um depósito de materiais; o retrofit de uma fábrica para a coreana SL Corporation, que se instala no Brasil para produzir faróis e lanternas; a expansão de um armazém para a Ceva Logitics com sede nos Países Baixos; e outro com Autoneum, empresa de capital Suíço que se dedica à fabricação de têxteis para forros de automóveis.
A característica geral do mercado de construção industrial automotiva é a contratação de obras em regime de EPC – Engenniring, Purchase Construction, quando a empresa construtora é responsável pelo projeto, construção e comissionamento das edificações.
Neste tipo de contrato a construtora é responsável pelo atendimento de requisitos tais como: atendimento da área necessária calculada a partir do layout dos equipamentos fabris, requisitos de desempenho energético, requisitos de entrega de consumíveis (energia elétrica, ar comprimido, água refrigerada e óleo térmico por exemplo), soluções de engenharia para prevenção de incêndio, para destinação de efluentes industriais, para conforto térmico, entre outros.
Os contratos em regime de EPC, ao contrário de outros contratos firmados a partir dos projetos pré-existentes de engenharia, apresentam riscos mais elevados, uma vez que o atendimento de requisitos não está materializado em desenhos e especificações perfeitamente definidas. Assim, cabe ao contratado escolher como atender às necessidades da contratante a partir do rol de soluções de engenharia que estão disponíveis no mercado e do conhecimento técnico de que dispõem à construtora.
Trata-se de um desafio, em especial em construções como para SL Corporation, nas quais foram demandadas desde a instalação de móveis (extremamente simples) até a instalação de equipamentos industriais complexos, como compressores e torres de resfriamento, redes e válvulas, ventilações e controles de aquecimento, cujo dimensionamento, instalação e comissionamento é mais aderente à grandes EPCistas industrias.
Ao lado dos riscos, os contratos em EPC tem também vantagens para ambas as partes.
A contratada disputa o contrato sabendo que o fator de competitividade é sua expertise em engenharia, em especial na integração de projetos, permitindo que o resultado do contrato se dê na medida em que é capaz de gerar as melhores soluções de engenharia que atendam aos requisitos do cliente. Trata-se de contrato com alto risco mas também com maior valor agregado, uma vez que a disputa deixa de ser pelo preço e passa a ser por soluções.
A contratante vê o prazo para realização do contrato encurtado, uma vez que o ciclo de construção, normalmente composto por 4 etapas (1. projetos básicos; 2. orçamento; 3. projetos executivos; e 4. construção e comissionamento), reduzido a um único ciclo. Dessa forma, independente de qual seja a definição de requisitos e necessidades, o atendimento passa a ser contratado com uma única empresa que internaliza as etapas de 1 a 4, de forma concomitante e simultânea com a construção.
No caso particular da coreana SL Corporation, isso era crucial para o sucesso do projeto, uma vez que estava se instalando no Brasil e não tinha uma equipe própria para realizar o mesmo caso tivesse optado pelo ciclo mais longo.
Também há que se notar que a indústria automobilística já acolheu dentre seus requisitos a edificação de construções sustentáveis, e todos os projetos realizados foram eficazes na redução de consumo de energia, em especial através da correta utilização de dispositivos para iluminação natural e redução de calor interno, com objetivo de evitar o uso de refrigeração e o uso de iluminação artificial eficiente.
Como podemos ver, as exigências do nosso tempo vêm se incorporando à construção, trazendo velocidade, eficiência e sustentabilidade como fatores competitivos e resultados visíveis em empreendimentos industriais.
Autor: Júlio Cesar Lamb – Diretor Proprietário na Lamb Construções e Engenharia